A ligação entre exercício e inflamação tem cativado pesquisadores desde que um estudo do início do século 20 mostrou um aumento de glóbulos brancos no sangue de corredores da maratona de Boston após a corrida.
Agora, mais de 100 depois, um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade de Harvard publicado na revista científica Science Immunology vem oferecer uma explicação por trás desta observação centenária!
Proteção contra doenças cardiovasculares, redução do risco de diabetes e proteção contra a demência. Os efeitos salutares do exercício estão bem estabelecidos. Mas exatamente como o exercício nos torna mais saudáveis?
Qual a relação entre exercício e inflamação?
A maioria das pesquisas anteriores sobre fisiologia do exercício concentrou-se no papel de vários hormônios liberados durante o exercício e seus efeitos em diferentes órgãos, como o coração e os pulmões. Esse novo estudo desvenda a cascata imunológica que se desenrola dentro do local onde todo o esforço é realizado – o músculo!
Sabemos que o exercício causa um dano tecidual (microlesões) temporário aos músculos, desencadeando uma cascata de respostas inflamatórias. O exercício também aumenta a atividade de genes que regulam a estrutura muscular, o metabolismo e a atividade das mitocôndrias, minúsculas “usinas de energia” que alimentam o funcionamento das células.
Essa inflamação muscular causada pelo esforço mobiliza as chamadas células T que combatem a inflamação! As células T também aumentam a capacidade dos músculos de usar energia como combustível e melhoram a resistência geral ao exercício.
Já o interferon, uma proteína produzida pelo nosso organismo em resposta à infecções, atua diretamente nas fibras musculares e altera a função das mitocôndrias, limitando a produção de energia. O interferon é associado a processos inflamatórios que acompanham muitas doenças crônicas e condições degenerativas relacionadas com a idade.
As células T bloqueiam a ação do interferon, protegendo as mitocôndrias e agindo como um anti-inflamatório natural. Na ausência de células T para combatê-lo, o interferon passa a causar danos descontrolados ao nosso organismo!
As condições imunológicas causadas por inflamação crônica exigem terapias cuidadosas, mas o exercício aparece como uma outra forma de combater a inflamação!
Exercício como anti-inflamatório natural
O estudo sugere que os efeitos benéficos do exercício podem ser impulsionados, pelo menos parcialmente, pelo sistema imunológico.
Com o exercício temos uma maneira natural de aumentar as respostas imunológicas do corpo para reduzir a inflamação. Apesar dos pesquisadores terem analisado apenas o músculo, é possível que o exercício também aumente a atividade das células T em outras partes do corpo!
No entanto, os benefícios metabólicos e de proteção do exercício foram aparentes apenas em praticantes regulares! Nas pessoas fisicamente ativas, as células T não apenas combatem a inflamação e os danos musculares induzidos pelo esforço físico, mas também alteram o metabolismo muscular e ajudam a melhorar o desempenho muscular.
Porém nada disso acontece com pouco tempo de exercício! Poucas sessões de exercício (1 mês) não levam a melhorias no sistema imunológico e é necessária uma atividade regular ao longo do tempo para produzir esses benefícios.
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